
Publicação dividida em oito capítulos, pretende favorecer a agregação de valor ao produto que, hoje é explorado de forma ilegal – foto: Marcell Mota/Arquivo EM TEMPO
Após seu apogeu, entre as décadas de 1950 e 1970, a cadeia produtiva de exploração de jacarés começou a declinar em 1967, ano em que houve a proibição da caça profissional. Com o intuito de auxiliar estudiosos e populações tradicionais a retomarem as atividades com jacarés na Amazônia, o médico veterinário Augusto Kluczkovski Júnior reuniu em um livro informações sobre a cadeia produtiva de jacarés na Amazônia. A obra conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Intitulado ‘Cadeia produtiva de jacarés da Amazônia: aspectos técnicos e comerciais’, a obra é dividida em oito capítulos que abordam as seguintes temáticas: cadeia produtiva de jacarés; ambiente, comércio e sociedade; crocodilianos; espécies amazônicas; abate e processamento da carne; caracterização nutricional; rendimento da carcaça; produtos; exploração da pele. Segundo o pesquisador, a literatura preenche uma lacuna evidenciada por muitos estudiosos da região.
“Nosso grupo de pesquisadores se esforçou para resgatar essa cadeia, porém, enfrentamos obstáculos impostos em diversas instâncias e uma das justificativas sempre foi que não existia informação pertinente acerca dessa cadeia produtiva. Fato que não era verdade, pois há diversas publicações científicas sobre o assunto. Então, a proposta básica foi de agrupar essas informações em um livro e facilitar o acesso e a linguagem aos técnicos e às populações”, explicou Augusto.
De acordo com o médico veterinário, o livro aborda, entre outros pontos, a caracterização da cadeia produtiva, descreve e insere os jacarés amazônicos dentre os crocodilianos existentes no mundo.
“A literatura também demonstra as técnicas de abate e processamento para obtenção de carne e pele testadas nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Piagaçú-Purus e avalia a produção de carne das espécies econômicas, o jacaré-açu (Melanosuchus niger) e jacaretinga (Caiman crocodilus)”, informou.
Além do resgate da cadeia produtiva de jacarés amazônicos, o livro pretende favorecer a agregação de valor ao produto que, segundo o veterinário, hoje é explorado de forma ilegal. “A valorização desse recurso favorece a conservação das espécies de jacarés, sendo este, o uso sustentável, um modelo de conservação utilizado para crocodilianos em todo o mundo (Estados Unidos, Àfrica, Austrália, Filipinas e outros)”, disse Augusto.
A obra também serve como literatura de apoio para graduação de cursos ligados ao meio ambiente, ciência de alimentos e pesca, e pode ser usada como guia para encaminhamento de pesquisas a serem continuadas ou implantadas. “Os exemplares do livro foram distribuídos a bibliotecas de universidades públicas e pesquisadores da área”, informou o pesquisador.